Ligeiro exame do fenômeno mediúnico
O fenômeno mediúnico, para expressar-se com segurança, exige toda a complexidade do mecanismo fisiopsíquico do homem que a ele se entrega, assim como da perfeita identificação vibratória do seu comunicante.
Para o desiderato, o perispírito do encarnado exterioriza-se em um campo mais amplo, captando as vibrações do ser que se lhe acerca, por sua vez, igualmente ampliado, graças a cuja sutileza interpenetram-se, transmitindo reciprocamente os seus conteúdos de energia, no que resulta o fenômeno equilibrado.
Às vezes, automaticamente, dá-se a comunicação espiritual, produzindo o fato mediúnico, ora por violenta injunção obsessiva e, em oportunidades outras, por afinidades profundas, quando a ocorrência é elevada.
Seja porém, como for, sem o contributo e a ação do perispírito, o tentame não se torna efetivo.
Desse modo, o conhecimento das propriedades do perispírito é de vital importância para quantos desejam exercitar a mediunidade, colocando-a a serviço dos ideais enobrecedores.
Penetrabilidade, elasticidade, fluidez, materialização, depósito das memórias passadas, entre outras, oferecem compreensão e recurso para melhor movimentação dessas características, algumas das quais são imprescindíveis para a execução das tarefas, no fenômeno do intercâmbio espiritual.
A fixação da mente, através da concentração, proporciona dilatação do campo perispirítico e mudança de vibração, que variam das grosseiras às mais sutis a depender, igualmente, do comportamento moral do indivíduo.
O pensamento é o agente das reações psíquicas e físicas, sem o que, os automatismos desordenados levam aos desequilíbrios e aos fenômenos mediúnicos perturbadores, que respondem pelas obsessões de variada nomenclatura, que aturdem e infelicitam milhões de criaturas invigilantes e desajustadas.
Todo fulcro de energia irradia-se em um campo que corresponde à sua área de exteriorização, diminuindo de intensidade, à medida que se afasta do epicentro. Graças a isto, são conhecidos os campos gravitacionais e atômico, no macro e no microcosmo, o luminosos e outros, conforme os detectou Albert Einstein.
Na área psicológica podemos ignorar-lhe a presença nas criaturas, gerando as simpatias – por decorrência de afinidades vibratórias entre as pessoas que se identificam – e a antipatia – que deflui do choque das ondas que se exteriorizam, portadoras de teor diferente produzindo sensações de mal-estar.
Invisível, no entanto preponderante nos mais diversos mecanismos da vida, o campo é encontrado no fenômeno mediúnico, através de cuja irradiação é possível o intercâmbio.
Cada ser humano, encarnado ou não, vibra na faixa mental que lhe é peculiar, irradiando uma vibração específica.
Quando, nas comunicações, os teores são diferentes, a fim de produzir-se afinidade, o médium educado sintoniza com o psiquismo irradiante daquele que se vai comunicar, e se este é portador de altas cargas deletérias, demorando-se sob vibrações baixas, o hospedeiro permite-se delas impregnar até que, carregado dessas energias pesadas, logra envolver-se no campo propiciador, portanto, de igual qualidade, cedendo as funções intelectuais e orgânicas à influência do ser espiritual que passa a comandá-lo, embora sob a sua vigilância em Espírito, que não se aparta, senão parcialmente, do corpo.
Quando se trata de Entidade portadora de elevadas vibrações, mais sutis que as habituais do médium, este, pelas ações nobres a que se entrega, pela oração e concentração, em que se fixa, libera-se das cargas mais grosseiras e sutiliza a própria irradiação, enquanto o Benfeitor, igualmente concentrado, condensa, pela ação da vontade e do pensamento, as suas energias até o ponto de sintonia, proporcionando o fenômeno de qualidade ideal.
Em casos especiais, nos quais seres muito elevados ou grotescos, nos extremos da escala vibratória compatível com a vida na Terra, vêm comunicar, os Mentores, que mais facilmente manipulam as energias, tornam-se os intermediários que filtram as idéias e canalizam-nas em teor mais consentâneo com o campo sensitivo, ocorrendo o ditoso fenômeno da mediunidade disciplinada.
O fenômeno mediúnico, portanto, a ocorrer no campo de irradiação do Espírito através do perispírito, está sempre a exigir um padrão vibratório equivalente, que decorre da conduta moral, mental e espiritual de todo aquele que se lhe faça candidato.
Certamente, como decorrência do campo perispiritual, diversos núcleos de vibrações, nos quais se fixa o Espírito ao corpo, bem como em face do mecanismo de algumas das glândulas de secreção endócrina, apresentam-se as possibilidades ideais para o intercâmbio espiritual de natureza mediúnica.
Assim havendo constatado, foi que o Codificador do Espiritismo, com sabedoria que a faculdade “é simplesmente uma aptidão para servir de instrumento, mais ou menos dócil aos Espíritos em geral” e que os médiuns “emprestam o organismo material que falta a estes para nos transmitirem as suas instruções”.
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 31/10/1990, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA.)