Sexo e Sensualidade
Mauro Paiva Fonseca
Unir-se um casal, baseando essa união apenas nos atrativos gerados pela sensualidade, sem considerar os atributos de intelectual idade e moralidade, será formal demonstração de imaturidade espiritual e desconhecimento da realidade sobre o assunto. Uma união de tal natureza estará, por isso, fadada ao insucesso. Como nos ensina a Doutrina Espírita em O Livro dos Espíritos (questão 939), duráveis serão apenas as uniões em que o amor puro e desinteressado seja o móvel, tomando parte ativa o coração; aquelas que se originam dos interesses das atrações físicas engendradas pela sensual idade, se desfarão com a causa que lhes deu origem, pois quando o fastio, a rotina e a saciedade se tornarem notórias, a paixão inicial geradora da união, extinguindo- se, acarretará o inevitável rompimento.
Postergando as responsabilidades reais que a vida impõe, a grande maioria das criaturas vive à procura de um par que lhe corresponda aos anseios sensuais, deixando de considerar os atributos morais e espirituais nessa busca, para logo adiante decepcionar- se tardiamente com o malogro da tentativa. Os que assim agem não conhecem a realidade do sexo, desconsiderando seu objetivo principal: a procriação. Ignoram os austeros deveres que a união sexual acarreta, não somente quanto à indispensável permuta de amparo, conhecimento e experiência, mas também quanto ao progresso mútuo dos envolvidos, como assistência à prole, geralmente componente dos compromissos assumidos antes do mergulho na vida material, para renascimento na carne.
Conquanto o sexo seja uma atividade natural, normal, com finalidade específica, a sensualidade poderá ser porta aberta ao acesso do vício e do desequilíbrio, tornando cada vez mais ativa e patente a nossa natureza animal inferior. Assim, sem o respaldo do amor puro, será apenas expressão do grau de animalidade em que ainda nos demoremos. Nos irracionais, a comunhão sexual está restrita aos períodos de fertilidade, atendendo a finalidade precípua: a procriação. O homem, porém, usando a liberdade outorgada pela divina sabedoria, tem no livre-arbítrio o acesso aos desvios oferecidos pela sensualidade, resvalando, por aí, para a degenerescência e viciação.
O sexo, tal como praticado entre os humanos, pertence exclusivamente à vida material, em que dois seres se unem para gerar um terceiro. Mas chegando à vida espiritual, verificamos que esta opção não mais existe. Conforme O Livro dos Espíritos esclarece, na resposta à pergunta 822a: “[…] os sexos só existem na organização física […]”, isto é, dois Espíritos não se relacionam sexualmente para gerarem um terceiro. Para o Espírito, portanto, a condição de “macho” e “fêmea” deixa de ser necessária.
Como todos os demais vícios, a sensualidade, para instalar-se, necessita encontrar uma razão não esclarecida e balda de objetivos superiores, propiciando a eclosão cada vez mais intensa dos apetites inferiores, causa de tantos sofrimentos e aflições entre homens e mulheres. Em decorrência desse comportamento imaturo, os filhos eventualmente gerados estarão fadados a uma criação deficiente, imperfeita e incompleta, já que uma família sem a presença de pai e mãe unidos cria neles graves complexos comporta mentais, desordens psíquicas e mentais, com que expressam toda decepção e sofrimento pela ausência do calor e carinho que necessitam encontrar no ninho doméstico. Comparando a sua às outras famílias, em que há presença de pai e mãe, sentem-se amargurados, infelizes e sofri dos, crescendo de maneira desajustada, e assim se integrarão à sociedade humana, promovendo a enorme onda de desequilíbrio observada na atualidade em todo o mundo.
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Fonte: Revista Reformador (Setembro de 2012)
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